Artigo: Dissonância cognitiva coletiva – a consequência do bolsonarismo

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Por: Luís Bassoli*

Psicanalistas e psicólogos concluíram que o ex-presidente Jair Bolsonaro sofre de uma psicopatia específica, é um “condutopata”: não tem sentimentos de compaixão, empatia, altruísmo, nem valores éticos e morais.

Filósofos, antropólogos e sociólogos convergiram que a psicopatia do ex-presidente causou o fenômeno “bolsonarismo”, conceituado como o ajuntamento de pessoas acometidas do “narcisismo dos ressentidos e fracassados”, i.é., aquelas que, por falta de instrução ou deficiência de caráter, perseguem o sucesso, quase nunca o alcançam, e culpam os outros pelo fracasso.

Historicamente, essas pessoas, nos momentos de crise, buscam refúgio em líderes demagogos; noutros tempos, buscaram em Hitler e Mussolini, hoje se afeiçoam a Trump e Bolsonaro.

Se a psicopatia do líder causou o bolsonarismo, a consequência desse fenômeno é denominada de “dissonância cognitiva coletiva”.

Explicamos.

“Dissonância” remete a desequilíbrio; “cognitivo” é relativo ao processo mental da percepção, do juízo, do raciocínio.

O que se segue ao bolsonarismo, pois, é um desajuste, coletivo, da capacidade de raciocínio e de aprendizado de seus seguidores.

A propagação da dissonância cognitiva, para chegar a essa amplitude coletiva, tem sido instrumentalizada no que se denomina “microsfera extremista”, uma espécie de “ecossistema” onde se semeia, cultiva e floresce fakenews, adubadas pelo ódio.

É um sistema monetizado, i.é., financiado por empresários, comerciantes, políticos, jornalistas – brasileiros e estrangeiros.

Nesse sistema, destaca-se o papel da quase octogenária rede Jovem Pan, que, há quatro anos, aderiu ao bolsonarismo, e se transformou na emissora oficial do golpismo.

Outros tentáculos da microsfera extremista são as redes sociais Facebook, Instagram e Twitter, grupos do WhatsApp e Telegran, canais do YouTube, e emissoras de rádio regionais.

Os afetados pela dissonância cognitiva bolsonarista recusam informações de outras fontes, estão restritos a aceitar, com obediência bovina, as “notícias” que lhes chegam pela rede extremista.

Acreditam, piamente, nas fakenews da Jovem Pan et caterva e nos absurdos devaneios viralizados pela internet, até em alienígenas!

Ou seja, os bolsonaristas estão num “limbo” da consciência, vagam por uma realidade paralela, assombrados por fantasmas do “comunismo” e alimentados pelo ódio e rancor.

Até ex-aliados são hostilizados: do condecorado General Souza Santos à rapaziada do MBL, passando por parlamentares como Joyce Hasselmann, tratados como “traidores do mito”.

Argumentos lógicos não têm efeito frente aos instintos irracionais dos fanáticos.

Para entrar no “coração e na alma” dessas pessoas, não bastará que o governo Lula/Alckmin tenha uma boa gestão.

Será preciso um sofisticado processo de enfrentamento, que congregue as forças democráticas, Poder Judiciário, especialistas em psicologia social, filosofia pública, sociologia aplicada, marketing digital, entidades civis e religiosas.

Os terroristas de 8 de janeiro terão que ser punidos, severamente, sem anistia – dos que vandalizaram os prédios da República e saquearam o patrimônio público, aos financiadores, organizadores, fomentadores e incentivadores dos atentados.

Isso haverá de prever a inegibilidade dos chefes golpistas, especificamente do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o impedimento da posse dos comparsas que buscam cadeiras no Congresso Nacional, sem descartar a prisão, quando juridicamente adequado.

Concomitantemente, haverá de se desbaratar o gabinete do ódio, extinguir as fábricas de fakenews das redes sociais e impedir que sejam replicadas pela Jovem Pan e emissoras menores – além de punir os responsáveis.

A derrota do bolsonarismo, nas urnas, foi fundamental – e deve servir de incentivo para seguirmos na luta pela reconstrução da Nação.

(Com: Guido Arturo PALOMBA, Psiquiatra Forense; Marta SUPLICY, Psicanalista; João Cezar de Castro ROCHA; Historiador; Rogério Baptisti MENDES, Sociólogo).

* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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